quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

As escolas invisíveis.

Reproduzo aqui (cheia de orgulho!) o e-mail que recebi do Prof. José Pacheco, dia 01 de fevereiro. É uma síntese, sintetizadíííssima, do trabalho que o professor desenvolve pelo mundo, atrás de experiências, planejamentos e concretizações que têm sucesso ou que são promissoras, tentando conectar estas pessoas, interessadas em construir uma força-tarefa verdadeiramente concreta, que contribua para a modificação das estruturas educacionais, públicas ou não.


Mais de dois anos já decorreram sobre a publicação do artigo que reproduzo abaixo. Nesse hiato, conheci muitos mais projectos, muitos mais lugares onde acontece mudança. Estou a escassos dias de partir para lugares onde me esperam educadores que reinventam o Brasil, e tenho a certeza de que muitos outros virei a conhecer em futuras viagens. Serão tantos, que chegará o momento em que não poderei acompanhá-los como eles merecem.

Desde 2001, encetei uma longa "corrida" pelo Brasil das escolas. Foi-me dado a conhecer o que de melhor este país tem. Agora, consciente de que são os brasileiros que irão refazer o Brasil (e não um estrangeiro), creio ter chegado o tempo de preparar a minha retirada. Mas, antes, para que não se percam no anonimato as maravilhosas descobertas, pretendo ajudar a criar uma rede de cooperação entre educadores e projectos, que possa constituir-se em suporte documental e de comunicação. Também gostaria de ver organizados "núcleos de reflexão" ("rodas de conversa", "círculos de estudo", o que lhes queiram chamar...).

A ideia não é nova, a intenção talvez seja. Apercebi-me de que, no Brasil, os bons projectos se ignoram mutuamente. A Cleusa desenvolve o seu projecto numa cidade distante 4000 quilómetros da cidade onde a Regina produz inovações. Os seus projectos são idênticos, mas elas nunca conversaram. A Ana (de São Paulo) nunca ouviu falar do Cláudio (de Curitiba), embora trabalhem em estados contíguos. A Caroline (de Rio Verde) desconhece o projecto da Patrícia (de Belo Horizonte) e ambas são mineiras. A Andréa e o André moram na mesma cidade e nunca se encontraram...

Envio esta mensagem a todas as pessoas que ajudam a manter e melhorar projectos em que eu acredito, para tentar assegurar trocas entre projectos e garantir-lhes perenidade. O que aconteceria neste país, se os ignorados virassem parceiros? E, se depois de juntos, se dessem a conhecer a outros?

A proposta é dupla e simples:

Criar "núcleos" em bairros, cidades, ou regiões - para apoio a projectos locais;

Criar um rede de colaboração na internet - para partilha de experiências e de conhecimento.

Não ouso sugerir o modo de fazer, nem o quando. Creio já ter falado demais...

Como escreveu a minha amiga Cláudia, são necessários "avanços para a educação brasileira, no sentido de transitarmos da condição atual, de termos meramente escolas estatais, para a condição de construirmos escolas públicas, que dialoguem em rede e, gradativamente, possam integrar um sistema educacional". Por isso, não proponho a formação de grupos de estudo sobre a Escola da Ponte, mas o debate em torno de princípios e da realidade brasileira. Não para melhorar o modelo tradicional de Escola Pública (de iniciativa estatal ou particular), que já não funciona, mas para operar rupturas. Rupturas bem pensadas e bem avaliadas - para grandes metas, pequenos passos...

Para facilitar os contactos, ouso referir alguns endereços de pessoas, que acredito quererem melhorar-se, para melhorar a Educação do Brasil. Certamente, faltarão muitos nomes nesta lista. Não consegui encontrar os seus e-mail. Mas cada "convidado" poderá convidar...

Acaso algum dos "núcleos" formados pretenda promover um encontro em que eu esteja presente, poderei disponibilizar um tempo para tal. Ficarei na expectativa. E disponível para, como "amigo crítico", discretamente partilhar aquilo que vier a tomar forma.

O convite está lançado. Quem quer participar? Quem quer organizar?

Não sei se para vós este convite fará sentido. Para mim, faz todo o sentido. Ficarei aguardando as adesões, as observações, os conselhos, as contestações...

Abraço fraterno.

José Pacheco


Aqui, o link para o artigo de que o professor fala.


Vale a pena.

Primeiro.

A intenção é reunir materiais significativos acerca da pedagogia e da educação, em (quase) todos os seus âmbitos, que tenham produzido impacto na minha formação ou que possam ser de bom proveito para outros com o mesmo interesse.

Viva o blog. :)